domingo, 4 de maio de 2014

Acontecimentos



Acontecimentos são como a chuva.
Em um dia bonito, de sol, de repente
As nuvens tomam de assalto o ceu
E o cinza predomina sobre o azul,

Tal qual as ideias tomam forma
e rompem a barreira da imaginação.
Assim, surge um mundo de possibilidades
onde a dúvida fica pra depois.

O que foi feito, é sacramentado
e tem efeito permanente.
Mas não eterno, nunca eterno.
Não pode chover eternamente.

A água que toca e molha o solo
deixa registrada sua força
a água da garoa evapora rápido,
as águas da tempestade, alagam.

Então, meu amor
Que sua vontade de ver chover
Seja maior que o brilho do sol
que as nuvens encobriram.

E quando parar de chover, se quiser,
puxe um rodo, passe um pano.
Mas não me convide pra dançar
nessa chuva que não choveu pra mim.


segunda-feira, 1 de abril de 2013

Como Funciona


       Entender como as coisas funcionam é algo que nem sempre nos elucida o porquê de elas serem exatamente assim. É a metade do caminho andado. Mas meio caminho andado não nos faz chegar ao destino, não ao menos, o que tinhamos por plano. Por outro lado, há aqueles que não percorrem o mesmo caminho e chegam no nosso destino. Não por serem brilhantes, longe disso. Apenas uma questão estatística, pois havendo um lugar, alguém teria que estar nele. Aí, é o caso contrário. Sabemos que é exatamente assim, mas não sabemos como que foi o processo todo para que isso acontecesse. Sendo assim, temos mais uma metade do caminho, não andado, mas conhecido. Contudo, um trecho de caminho que não sabemos o ponto de partida. Talvez, e bem provavelmente, um caminho que veio de uma direção bem diferente da que tivemos a casualidade de partir. 

           E quando não se pode chegar ao destino, mesmo em teoria, sabendo como chegar lá, não tem como não nos indagarmos, se não chegamos lá porque não podemos, ou se, simplesmente, não chegamos lá por não ser o momento certo de estarmos naquele local. O tempo deve ser o fator chave para a resposta, mas as vezes, não detemos de tanto tempo assim. A vida tem uma combinação absurda de possibilidades, probabilidades, e não vivemos tanto assim a ponto de termos a certeza de que elas serão uma base determinante para uma amostragem mais perto do que deveria ser a realidade. Mas, nessa metade de caminho andado, em alguns momentos, uma sombra está projetada ali, no ponto final. E quem estiver por lá e vê-la, terá de respeitar, principalmente, se um dia, a sombra diminuir. Sinal de que estarei um pouco mais perto. 


terça-feira, 11 de setembro de 2012

Frequência Intermitente



Teu olhar aponta o solo como direção,
evasivo como as palavras que me lança.
E num infeliz plano de ação,
desfere o fio de corte na esperança.


De anular o efeito desta anestesia,
entorpecente e delirante,
que apaga o verso da poesia
tal qual a atmosfera cinza deste instante.


E o pigmento da tinta que se firmou
nas inúmeras linhas desse conto,
imortalizou seu tom, mas não cessou


O tom de voz, baixinho, de raro fulgor
que anunciava outrora, de bate pronto
a mais sincera confissão de amor.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Amor Percorrido

Escrevi esses versos no meio de uma viagem, em uma madrugada de abril. Acordei no ônibus, peguei um bloco de papel e uma caneta. Desferi a tinta nas folhas completamente inquieto e alucinado, como se aquilo tudo ja estivesse composto e criado. Levei cerca de 30 min para escrever tudo isso. Dia seguinte, não me recordava do que havia escrito, apenas seu teor. Reli, adaptei o que não gostei, e hoje decidi compartilhar, apenas para que eu mesmo não me esqueça...

Amor Percorrido

Dias e quilômetros se passam,
Tal qual mudam as estações
Da lua e do ano
Em um ciclo intermitente

Giram os meses, brilha o sol,

Idas e vindas constantes.
Em busca de uma felicidade
Que migra em sentido oposto às minhas rotas.

Sua voz doce, já não é mais tão doce assim.
O abraço frouxo e formal, já foi mais carinhoso.
E o enorme sorriso de outrora
Confunde-se com a timidez de Monalisa.

Perto de seu corpo, centímetros.
Mas a milhas do coração
Que em outros tempos, teve até convite
para minha ansiada presença.

Novas histórias são escritas
Novos protagonistas lutam e me levam de assalto
Ah...novos protagonistas desabam
Ante vossa inaptidão e inconformação.

E, um pedacinho menor, ligeiramente corroído,
Volta o interino eu!
Ocupando um lugar sombrio e triste
Nessa hierarquia de sentimentos

Não sou soldado, nem major,
nem anjo, nem estrela,
nem brisa ou trovão.

Afinal, meu Deus, o que sou?

As páginas se viram, trocam-se as canetas,
Muda o vento, muda o destino,
A esperança, morta e renata,
Manifesta suas idas e vindas.

O monoposto segue, a rodovia é desbravada
O sonho dá lugar às idéias.
Tudo gira, tudo muda, tudo vem e vai
Exceto meu amor, meu desatino.

Imóvel, intacto, imponente,
Inalcançável... distante.
Não voa com o vento, não dissolve.
Nem mesmo com as mais longas chuvas.

Nem com as inúmeras lágrimas
Não decompõe em solo, não naufraga,
Não vinga, não vence, não morre.
Não vira petróleo, não desintegra.


E novos postulantes chegam de prontidão.
De Ankara, de Roterdã, de dentro da terra e do inferno.
Novas idas e vindas, novas quedas.
Passam-se anos, percorrem-se milhas e milhas!

Os trilhos do trem são remanejados
A borracha dos pneus se funde ao solo
O combustível queima, a lua muda.
Inverno, verão, outono e primavera.

E novamente tudo se renova, tudo se repete.
Porém, há ainda o que nunca muda.
O que permanece inexpugnável.
Ah, meu amor. Inexplicável amor.

Christian Georges Avgoustopoulos
02-04-2012

domingo, 8 de janeiro de 2012

Farol

Caros leitores,

Essa é minha primeira postagem no blog desde 2009. Talvez eu ja tenha escrito melhor em outros tempos, ou no mínimo, tive mais entusiasmo em faze-lo. Na verdade, tenho mais textos salvos como rascunho, do que publicados. Mas esse, sinto que deve ser compartilhado. Felicidades a todos, e que 2012 seja mágico para aqueles que caminham sob a tutela do bem.

A noite avançava serena e pacata, na ilha de Paquetá. Eu, ao som do mar e das cigarras, percorria a orla com uma bicicleta, de forma tranquila e ponderada, interagindo em perfeita sincronia com a atmosfera. Não haviam ondas, não haviam pessoas, não chovia e nem ventava. A cada pedalada dada, sem pressa e intermitente, aquele território era desbravado. A única certeza que eu tinha, é que naquele momento, eu era o dono da ilha. A ilha de Carolina, "a moreninha", agora era minha. A ilha do Christian, “o grego”, que deixou a pedra de lado e se pôs em movimento, a procura de algo em sua nova “propriedade”.

Fui além. Em meus devaneios, me auto intitulei rei daquele lugar. Me sentia coroado por Deus, como num ritual medieval bretão, sob o brilho do luar e das estrelas, que se refletiam de forma sublime, tanto no mar, como em meus olhos. Logo a frente, eis então, minha primeira descoberta nessa empreitada de exploração territorial. Um pequeno farol, todo pintado de branco, sob uma extensão de pedras, que eram dispostas em uma pista estreita, de forma retangular. O farol tinha uma tímida luz verde, que acendia em ¼ do tempo e repousava nos ¾ remanescentes. Luz verde, que naquele momento, não orientava embarcações, apenas porque não havia nada em movimento sobre o mar. Parei a bicicleta, de forma a evitar que caísse no chão, e segui em frente, a me aproximar do farol. Avancei, mesmo ao perceber que minha tentativa havia se frustrado, no instante em que a bicicleta despencava ao solo.

"Bah, o que isso importa agora?" Guiado por aquela luzinha mágica, lembrando um vagalume em seu suave iluminar, pensei, admirado com o cenário: "O verde da esperança, sob a plataforma branca da paz." Me ponho a pensar agora, sobre as ideias que me vinham em mente naquele momento que eu tanto admirava a beleza do farol. Não tenho certeza, mas a sensação é de que eu não pensava em nada. A ideia de paz e esperança eram tão fantásticas, que sequer me dei ao trabalho de associar isso a fatores específicos de minha vida. Como seria fantástico ter a paz como uma de minhas melhores amigas, e a esperança como uma espécie de fiel escudeira, que jamais me abandonaria nos momentos de desalento e pouca fé.

Naquele instante, lembrei-me então, de todos os desafios recentes (ou nem tão recentes assim) que aceitei encarar, das polêmicas e transtornos que vieram com eles, em tudo que me dediquei e apliquei incessantes esforços. Em muitas coisas, a doce sensação do dever cumprido. Como é bom superar as expectativas, bater recordes, contrariar a lógica dos "críticos" e ter a certeza de que, sim, aquele era o caminho certo e que eu havia acertado a mão, com propriedade. Porém, certamente, nem tudo são flores, e é inevitável também relembrar que, em outras situações de grande importância, não tive êxito, por ter avaliado mal o contexto de tudo, não ter sido bom o suficiente ou, simplesmente, ter me equivocado totalmente. E, partindo deste princípio, cabe a mim fazer os ajustes necessários, buscando melhorar pra tentar outra vez, de forma diferente, ou apenas em condições mais favoráveis.

Enfim, levantei a bicicleta do chão e tornei a pedalar, deixando que o Farol proseguisse com seu importantíssimo trabalho de iluminar, e me alertando de que eu também deveria seguir a minha empreitada. Nesse instante, devolvi o trono a Carolina, rainha de fato e direito deste lugar. Voltei no tempo e mudei de dimensão, apenas para desejar-lhe a paz e esperança, que sua ilha havia realçado em mim, e me despedi, afinal, tenho uma longa jornada pela frente.

E sob a guarda da realeza, da proteção de Santo André e com o aval dos Deuses, continuo a me preparar. Tudo fica mais fácil quando podemos contar com nosso melhor, e coisas grandes deixam de acontecer se não estamos prontos para recebe-las.

“A vontade de vencer é importante, mas a vontade de se preparar é vital. ” Joe Paterno

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Pensamentos

Nesses dias pensei demais. Pensei sobre tudo, sobre minha vida, sobre o ano, sobre as coisas mais importantes e também sobre aquilo que não tem a menor relevância. Pensamentos sempre interessantes, ricos nos mais contraditórios sentidos. Desde idéias absolutamente matemáticas a outras loucuras incalculavelmente distantes.

Não é fácil lidar com o pensamento. É uma constante luta pra ver quem tem o poder da situação. Em algumas ocasiões, eu consigo direcionar as idéias para onde quero. Em outras, são eles que guiam minha mente, sem muita cerimônia em utilizar todo o tempo que acham necessário. Nessa batalha pelo poder, é certo que eu acabo sempre chegando mais perto das conclusões.

E quando os pensamentos tem força suficiente para tomar as rédeas da situação, eles o fazem com maestria. Sempre batem nos pontos mais fracos, realmente onde se faz necessário pensar. E certamente, esses pontos são aqueles onde sentimos que as coisas não estão dentro de um controle ou compreensão satisfatórios.

Em algumas das situações, é perfeitamente compreensível o que acontece. Quando essas coisas acontecem, é interessante observar ao redor para ver como as outras pessoas lidam com esses fatores, como elas o sentem e qual a forma que pensam. E apesar de saber onde está o erro, saber o que deve ser feito para solucioná-lo, por alguma razão, nós não fazemos. E sabem por que nós não fazemos? Porque a solução as vezes vai contra a nossa vontade. É bem forte nossa esperança de que haja uma forma de resolver tudo sem ser tão bruto, sem ter que apelar para o radicalismo da exclusão, do ponto final, do "fim de papo e bola pra frente". É um senso mediador, de tentar ajeitar as coisas sem perdermos o motivo pelo qual estamos ali, apanhando desses pensamentos dominantes.

É absurda a ideia de não conseguirmos extrair de nós mesmos aquilo que está fazendo mal. E mais absurdo ainda é por muitas vezes querermos vivenciar tudo aquilo. A culpa disso tudo não pode ser atribuída a esses pensamentos que nos guiam. Nem a nós mesmos, nem aos fatores geradores de pensamentos. Tampouco ao fato de pensar.

E pelo jeito, ao pensar nessas linhas todas escritas acima, penso que não há solução aparente para o problema. Ou talvez eu pense assim por não querer encontrar uma solução, pois tudo passaria pelo cliclo inverso dessa cadeia de idéias, que pende entre nosso senso mediador e o cruel pragmatismo de irmos contra aquilo que gostaríamos de ter como verdade e presente.

domingo, 23 de agosto de 2009

Dor de cotovelo


Uma vez, quando era pequeno, ouvi uma frase que me pareceu interessante, mas que na ocasião não me fez sentido. Talvez justamente por isso que eu tenha me lembrado dela, como se meu subconsciente a tivesse guardado, num lugarzinho seguro, para que, quando eu fosse capaz de compreendê-la, lembrasse.

"Conquistar cem mulheres é facil. O conquistador de verdade, é aquele que conquista cem vezes a mesma mulher".

Ora, parecia um absurdo, um erro matemático. Como tal afirmação bombástica podia pleitear ser julgada como verdadeira? Pois bem, é verdade. Assim, simples, verdade e ponto, inquestionável.

Fico aqui imaginando o tal do conquistador. Esse é, definitivamente, um herói. Pensemos aqui, no porque da necessidade deste em conquistar cem vezes a mesma mulher. Talvez essa seja a próxima idéia que meu subconsciente guarde, ali no cantinho, pra quando eu tiver a resposta. Mas arrisco um palpite, baseado na minha pouco vasta experiência de vida: perder algo conquistado é doloroso demais. E não é apenas isso. Os pequenos detalhes de uma perda tomam proporções absurdas em nossa mente. São as lembranças, os momentos, as ações, os sentimentos, tudo isso numa combinação explosiva como um barril de pólvora. Barril que ganha mais pólvora quando o assunto é mulher, sim, aquela mesma, a que estamos tentando conquistar novamente, a cada dia.

Eu ja me atrevi algumas vezes a ser esse sujeito lendário. Posso assegurar que se você, nobre leitor, estiver almejando esse cargo, estiver em busca da escrita com linhas douradas nas páginas da história, terá que dispor de muita força, habilidade, perseverança, paciência e vontade.

E após ver sete dolorosas fotinhas num site de relacionamento, creio que, mesmo que não pareça tão filosófico, ou fácil, como proferiu o autor do tema em questão, tentar "conquistar" as cem mulheres parece bem mais seguro. E pra fechar em grande estilo, deixo outra frase de impacto, esta certamente, muito mais comum. "O seguro morreu de velho."

E agora, fica a dúvida. Sorte a do seguro, que chegou a longevidade, ou pobre do mesmo, que ainda assim, seguro, morreu?